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Mudando para melhor

Como falar de mudança alimentar sem despertar nos seres humanos o fantasma da “dieta”?

Dieta é um palavrão. Dieta implica em sacrifícios, em sentir-se privado. E é justamente por isso que “é muito difícil” e mesmo com “muita força de vontade”, não funciona.

Está comprovado pela experiência clínica de muitos médicos e nutricionistas que:

  1. A força de vontade se exaure em três meses, no máximo.
  2. Motivação de perder peso e/ou melhorar de saúde não é suficiente.
  3. Não existe uma dieta que seja perfeita para todo mundo. Existem diferentes tipos metabólicos com necessidades nutricionais diferentes. Por exemplo, alguns precisam de um percentual maior de proteína e gordura; outros, de carboidrato.

Mudança alimentar não é difícil, é um processo. E quase ninguém está pronto para fazê-lo em poucos dias. Pode levar meses ou anos. Aprendemos a ler, a dirigir, a usar o computador. Nada disso é difícil. Para quem está de fora pode parecer impossível, mas quando se está dentro, é um passo atrás do outro e vai ficando cada vez mais fácil.

É assim quando começamos a adotar uma alimentação mais viva: nossas células começam a gostar e a pedir mais daquele alimento que é naturalmente mais adequado à programação delas. Nossas papilas degustativas vão se limpando e começamos a perceber e desejar outros sabores e a nos sentir atraídos por coisas mais compatíveis com um novo padrão vibracional que vai sutilmente se estabelecendo. Ninguém vai precisar empurrar o processo; vai andar junto com ele.

A idéia não é parar de comer as comidas que gostamos, mas escolher entre elas as que vão nos atender melhor. Existe todo um universo culinário com receitas deliciosas e saudáveis, que muitos desconhecem, mas, se quiserem, vão conhecer. Assim fica mais fácil satisfazer o paladar, substituindo uma comida gostosa e prejudicial à saúde por uma comida deliciosa e saudável. È importante gostar do que comemos. Comemos por prazer e por vício, principalmente, não só por necessidade.

Dentre os vícios alimentares, quimicamente falando, os três maiores são: açúcar, trigo e queijo. Contudo, os vícios mais difíceis de deixar são aqueles que mais fortemente associamos a conforto emocional, seja o cuscuz que vovó preparava, o bolo que mamãe fazia, o sorvete que papai trazia, ou outros menos comuns. É importante conhecer e tratar as questões que estão por trás desses vícios, para poder então deixá-los ir em paz.

Comer é também um ato social, cultural e de identificação pessoal (“meu pãozinho”). Comer saudavelmente requer informação (temos muito o que desaprender, principalmente) e um mínimo de planejamento e estruturação, porque um almoço saudável não se encontra em toda esquina. Todos esses aspectos precisam ser considerados, porque tudo isso é você, é a sua vida, suas circunstâncias. E o processo evolui, ainda assim. Tem sempre um caminho livre por onde as conquistas vão fluindo.

O segredo é não criar resistência interna, porque nada que resistirmos sobreviverá. É importante que cada um se escute, se respeite e encontre sua zona de conforto nesse processo. E não se sinta culpado por eventuais recaídas, que podem ocorrer em fases de maiores demandas emocionais. Relaxe, ninguém vai ganhar medalha de “alimentação mais pura do universo”. Se a sua vontade de progredir permanece, você será inspirado a fazer o que for necessário para retornar o caminho.

Mudança alimentar não é dieta, é um lindo processo de autoconhecimento e conexão com a parte mais sábia do nosso ser. Não requer força de vontade, nem sacrifícios, nem exige privações. Exige apenas uma decisão: a de entrar no processo.

Não mais ser dominado por vícios alimentares e poder ouvir e atender as reais necessidades do nosso organismo é mais que libertador. É um ato de amor próprio.